Monday, January 5, 2009

O Esgoto da Sociedade - Capitulo II

Mais um dia se passa, e cada vez mais aquela sub-sociedade se afunda nos confins da miséria humana. O rapaz, amigo das sombras e da escuridão, esgueira-se dos nojos encontrados a cada esquina. O isolamento salva-o das loucuras daquele buraco infernal esquecido por Deus.

Finalmente sozinho, no seu lugar predilecto, visiona tudo e todos, como um anjo. Um anjo negro, vingativo, rebelde e justo, mais precisamente. No entanto, está sozinho, sem apoio, sem ninguém para se depender ou para depender dele. Esse facto comia-o por dentro, impiedosamente, a cada dia que passava. Como se já não fosse suficiente aguentar tudo o que pelos seus olhos passa todos os dias a toda a hora.

No entanto, sempre havia qualquer coisa que o afastava da miséria infinita á sua volta. Olhando em volta, avistou-a rapidamente. Afinal, estava num ponto alto e, alem disso, já distinguia a sua silhueta do resto das raparigas vendidas que se passeavam com os seus trajes decadentes e pecaminosos. Sempre a achou um caso a parte, apesar de ela se passear com os cabecilhas depravados. Sempre fez julgamentos certos em relação a pessoas, já que estava habituado a desconfiar delas. No entanto, havia algo que a destacava do resto. Também, para ela era fácil sobressair-se do resto das raparigas. Cada uma era mais idiota e escrava das tendências que a ultima. Mas ela não. Ouvira também rumores, coisa que não faltava nos corredores sombrios por onde escondia, que a aclamavam como alguém de uma inteligência acima da média. Isso alegrava-o, talvez ela pudesse ver as coisas como ele via. Talvez ele lhe pudesse mostrar a sua visão privilegiada sobre o que ela considerava “bom” e ele considerava “mau”. Talvez ela o entendesse.

"Talvez…"

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