Monday, October 5, 2009

O Lago

Hoje sentei-me á frente de um lago. Um lago grande, fundo e calmo. Perante certas imagens, a nossa cabeça começa a comparar o que nós somos com o que nós temos á nossa frente. E assim aconteceu.
Um grande lago, a minha vida, estava calmo, dócil, triste. Os peixes, os acontecimentos que fazem as águas do lago mover, não estavam em lado nenhum. Não se viam, pois eles não aconteciam. Não havia nada que fizesse a minha vida andar, mover, vibrar.
Atirei uma pedra para dentro do lago, fiz um esforço para que a minha vida vibrasse. A pedra fez a água vibrar, mostrando o meu esforço, mas rapidamente, as vibrações que o meu esforço causaram desapareceram, deixando o lago outra vez quieto e só.
De repente, percebi o que tinha de fazer.
Eu precisava de algo que fizesse as águas do meu lago moverem, constantemente, para que eu nunca mais ficasse triste e só. Procurei tudo e nada, o que conhecia e nunca irei conhecer, durante dias, meses, anos. O tempo necessário foi o que eu gastei, e finalmente encontrei o que procurava.
Um repuxo.
Este repuxo é diferente para todas as pessoas. Tem vários nomes e diferentes impactos. Muitos têm mais que um repuxo, porque assim ditou a sua busca. Passei por vários, durante a minha busca. Repuxos de todos os tipos, como a Riqueza, a Saúde, a Fidelidade, a Confiança, a Beleza, a Inteligência e o Talento.
O meu repuxo chama-se Amor, e eu coloquei-o mesmo no meio do meu lago.
Agora, os peixes saem do seu esconderijo e andam em volta do repuxo, fazendo-me viver os momentos-chave de uma vida. Também me foi dado por uma amiga um pequenino repuxo chamado Talento, que fica no seu canto, a mover as suas águas.
E sinto-me feliz, pois o meu lago já mostra vida e movimento.
Agora pergunto:

Qual é o teu repuxo?

Saturday, October 3, 2009

Introspecção

Que faz um homem quando o caminho que ele percorre se torna difícil demais? Quando os obstáculos se renovam, apesar de já terem sido ultrapassados? Quando o suposto companheiro do caminho se mostra como apenas mais um obstáculo difícil de transpor?
O homem sensato desiste. Ele sabe que o caminho se tornou demasiado penoso, por isso afasta-se, reconhecendo a sua derrota. Não sente remorsos, pois sabe que fez o que devia ter feito, e fica contente por não ter feito mais nenhum erro.
O homem presistente continua. Ele sabe o que esta á sua frente mas, mesmo assim, insiste em tentar. Quando o obstaculo o derruba, ele levanta-se e tenta outra vez. E assim continuará até que um destes finais aconteça: Ele consegue ultrapassar o obstáculo e segue em frente até ao próximo, mantendo a mesma perseverança e confiança apesar de,pouco a pouco, começar a ficar afectado.
Ou, ele nunca consegue passar o obstáculo, fazendo com que ele fique preso para sempre a combater uma batalha que não vai ganhar.
O homem calculista analisa. Ele observa o que o trava no seu caminho, pensa, calcula, formula. Ele constrói um plano solido para ultrapassar esse obstáculo. E consegue. No entanto, ele perdeu demasiado tempo. Tempo precioso que não vai recuperar. Um dia, ele percebe que perdeu muito tempo e começa a formular uma maneira de o ganhar de volta. Ao fazer isto, ele gasta todo o tempo que lhe resta. Irá afastar-se do caminho arrependido, mas convencido que fez o que podia.
O homem ingénuo adia. Quando um obstaculo se apresenta, ele coloca-o as costas e segue, carregando com o obstaculo e as suas consequencias. E assim faz sempre, até ao dia que os obstaculos o sobrecarregam e deixam o homem de joelhos, fazendo-o sair do seu caminho, para um outro caminho, supostamente mais rapido para chegar ao seu destino, mas que apenas é mais rapido para o afastar.
Que faz o homem quando as escolhas são inúmeras e dolorosas, mas que possuem o poder de alterar o seu caminho? Que faz o homem quando esta rodeado de dor? Que faz o homem quando os seus companheiros do caminho o deixam sozinho? Que faz o homem quando a felicidade saiu do seu caminho à muito?
Ele aguenta e continua, sempre com a esperança de voltar a ter uma razão para caminhar o seu caminho.
No entanto, ele sabe, bem no fundo do seu ser, que não vale a pena.