Sunday, January 4, 2009

O Esgoto da Sociedade - Capitulo I

O portão imponente de metal separa duas realidades distintas, quase demasiado diferentes para existirem no mesmo lugar. Do lado de fora, uma sociedade organizada, regida por regras e regulamentos. Do lado de dentro, um sub-mundo de arrogância, inveja, dominado pelo mais popular e pavimentado a historias dignas de telenovelas mexicanas.
A passagem de um lado para o outro é simples, mas as diferenças notam-se num piscar de olhos. Cada passo dado queima com as bocas manhosas e impiedosas de quem nem sequer conhecemos. Ao entrar na estrutura principal, milhares de olhares se concentram, procurando uma falha, um gesto menos normal, um motivo para atacar. Aproveitando as sombras, ele vai-se esgueirando, evitando os cabecilhas daquela sub-sociedade, garantindo a sua sobrevivencia por mais um dia. Vai ouvindo as ultimas noticias que as raparigas barulhentas gritam para o ar, em jeito de segredo. Ainda há alguma coisa que o faz rir naquele inferno. Ele sobe ao topo de uma estrutura, olhado para baixo, onde os lideres lideram os seus grupos em sessões de boémia e degradação. Do outro lado, pequenos rapazes brincam, não ligando á podridão do ambiente que os rodeia, como uma epidemia que apenas ele e as crianças estão vacinadas contra. As pequenas raparigas agem como as mais velhas, aspirando popularidade e perdendo sanidade á fracção de segundo. Será outra geração perdida nas malhas da popularidade e falta de valores serios. Os chefes desta tamanha desorganização olham com orgulho para tudo o que fizeram para destruir a formação da nova geração, escolhendo já os seus herdeiros, que causaram a destruição da proxima geração. Perante este cenário horripilante e negro, o rapaz, no topo, onde ninguem o pode ouvir nem ver, comenta, irónicamente:

"Que bom que é voltar para a escola..."

1 comment:

nessita said...

Tive que ter uma pequena ajudinha para perceber a que te referias... de facto, a escola, que tu descreves como um cenário infernal, já teve o mesmo significado para mim nos primeiros anos. Mas como o tempo faz milagres! Hoje a escola tem para mim um papel fundamental a muitos níveis. Se não fosse ela, não tinha nem um terço dos amigos, dos colegas, dos conhecidos, dos que passam, dos que acenam, dos que se riem, dos que gozam, dos que invejam, dos que idolatram, de tudo... Porque a escola é uma lição, fora e dentro da sala.