Monday, October 6, 2008

No meio do desconhecido...

Estou sozinho. Não na vida, claro. Na vida, estou ao abandono. Agora estou sozinho, no meio desta gente, desta multidão. Desconhecidos passam por mim. A cara negra, escura, própria da percepção de quem não conhece. No meio deles estás tu. No meio da multidão que passa, tu destacas-te. O teu vestido verde ondula com o contacto da multidão que passa. Vou ter contigo. "Olá!" digo eu de uma maneira esperançosa, salvadora. Não me ouves. Continuas a falar para esses desconhecidos. Tento chamar-te à atenção. Não me ouves. Sinto-me só, outra vez. O calor que aqueceu o meu espírito quando te vi desvaneceu. Tornou-se em gelo pontiagudo, que trespassou o meu coração. Apetece-me fugir, correr para longe e chegando ai, partir as pernas para nunca mais de lá sair.. De repente, reparas em mim. "Olá!", dizes para mim. Num segundo, num piscar de olhos, num batimento do coração, os desconhecidos desapareceram. Estamos só tu e eu, cara-a-cara, olhos nos olhos. A minha mão agarra a tua. Tu ficas corada. "Não te tinha visto. Estavas longe.", dizes, com um leve ar de desapontamento. Eu tomo os teus lábios lindos de surpresa. Chocada, a tua cabeça manda-te parar, mas o coração não obedece. Os nossos lábios separam-se, mas as almas unem-se. No fim, abraço-te e digo:

"Longe da vista, mas perto do coração..."

2 comments:

Inês (?) said...

Mais um texto fantástico . E depois ainda falas de mim , u.u

Beijinhó

qel said...

«(...) a tua cabeça manda-te parar, mas o coração não obedece. Os nossos lábios separam-se, mas as almas unem-se. No fim, abraço-te (...)». Espantoso!